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No podcast Os Novos Cientistas desta quinta-feira (22), a arquiteta e urbanista Ana Gabriela Akaishi falou sobre a sua pesquisa desenvolvida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP intitulada A herança mercantil: os entraves dos imóveis ociosos no centro de São Paulo. Sob a orientação da professora Ermínia Maricato, Ana buscou compreender como as motivações dos proprietários na retenção de imóveis ociosos influenciam a dinâmica do mercado de terras no centro da cidade de São Paulo. “Esses proprietários carregam raízes históricas e geracionais, vinculadas a capitais familiares antigos, de caráter mercantil, aplicados incialmente em prédios de aluguel”, contou a arquiteta.
E no percurso de seu estudo de doutorado, vários questionamentos surgiram, como, por exemplo, sobre as complexidades envolvidas nos vários imóveis que existem no centro de São Paulo. São prédios fechados ou abandonados para estacionamentos. Por quais motivos esses prédios estão assim? Por que os proprietários não vendem? Por que o poder público não transforma em habitação de interesse social ou equipamento público, que seria tão importante para a população?
Ao buscar respostas para seus questionamentos, Ana foi desvendando as várias camadas de complexidade de história de capitais envolvidos. Segundo ela, não há interesse do mercado imobiliário em comprar esses imóveis. “Meu estudo possibilitou evidenciar alguns aspectos sobre a economia política do centro de São Paulo”, destacou. A arquiteta defende a tese de que o perfil dos proprietários desses imóveis ociosos tem relação direta com um entrave no mercado de terra na região central. “A herança desse patrimônio transmitida a novas gerações e a novos agentes engendra entraves específicos à circulação desses bens”, disse a pesquisadora.
No podcast Os Novos Cientistas desta quinta-feira (6), o urbanista Giusepe Filocomo falou de seu estudo de mestrado realizado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. A pesquisa intitulada Finanças públicas e o financiamento fiscal do desenvolvimento urbano brasileiro entre 2000 e 2016, teve a orientação da professora Luciana de Oliveira Royer. Em sua pesquisa, o urbanista realizou uma investigação empírica centrada no estudo da execução dos recursos orçamentários federais para o período de 2000 a 2016 e, em seguida, dedicou atenção à receita realizada do município de São Paulo para o período de 2003 a 2016.
“Os dados primários orçamentários foram obtidos junto ao Governo Federal e Prefeitura do Município de São Paulo, e também avaliados à luz de literatura relacionada e de legislação e relatórios técnicos e orçamentários”, descreveu o pesquisador.
Giusepe destacou ainda que “a atuação estatal é engrenagem indispensável à compreensão de regime econômico contemporâneo e suas decorrências”. Ele complementou que, o financiamento fiscal é um ato de prover recursos financeiros necessários à atuação estatal. “Ou seja, é prover dinheiro público para contratação de serviços e obras pelo Estado. É, na verdade, a locação e execução de recursos orçamentários”.
Na entrevista, Giusepe contou que avaliou em sua pesquisa um banco de dados composto por cerca de 535.000 rubricas orçamentárias e, destas, foram selecionadas cerca de 50.000. Assim, foi possível verificar como os recursos orçamentários foram destinados às políticas públicas, que representam o financiamento fiscal do desenvolvimento urbano. “Claro que também consultei normas e relatórios técnicos e administrativos para ajudar nas escolhas de pesquisa”, reforçou o urbanista. Em relação ao período analisado (2000 – 2016), o urbanista contou que foram empenhados e reservados cerca de R$ 350 bilhões oriundos do Orçamento Geral da União para o financiamento do urbano do desenvolvimento urbano.
Fonte: https://jornal.usp.br/podcast/imoveis-ociosos-do-centro-de-sao-paulo-travam-o-mercado-imobiliariohttps://jornal.usp.br/podcast/imoveis-ociosos-do-centro-de-sao-paulo-travam-o-mercado-imobiliario//